Ansiedade, muitas vezes, é a palavra que usamos para descrever uma inquietação difícil de explicar. Um aperto no peito, um nó no estômago, um pensamento que não para. Mas, antes de ser um sintoma a ser combatido, a ansiedade é, na verdade, uma tentativa do corpo de comunicar algo importante.
Ela aparece quando há um medo, uma preocupação, uma sensação de ameaça — real ou simbólica — que não foi ainda reconhecida. O corpo percebe antes da mente. Ele sente, reage, avisa. E o que chamamos de ansiedade pode ser justamente essa tentativa de nos alertar de que há algo dentro de nós que precisa ser olhado.
Por isso, o trabalho com a ansiedade não é, necessariamente, fazê-la sumir, mas aprender a escutá-la.
Escutar o que está por trás do incômodo. Escutar o que esse movimento interno está tentando proteger. Dar pausa, presença e espaço para compreender. Muitas vezes, o que essa ansiedade quer é apenas ser nomeada: “estou com medo”, “estou inseguro”, “não sei o que vai acontecer”, “estou tentando controlar tudo para não sofrer novamente”.
Sem esse espaço de escuta, seguimos reagindo automaticamente, tentando silenciar algo que, na verdade, quer ser compreendido. E se não ouvimos, se não damos lugar, essa ansiedade continua ali — tentando, cada vez mais forte, nos avisar do que não estamos prontos para encarar sozinhos.
Na terapia, criamos um lugar onde é possível acolher a ansiedade como mensageira, e não como inimiga. Um espaço onde você pode se encontrar com essas sensações e dar voz à história que elas carregam — suas memórias, medos, expectativas, necessidades não atendidas.
Aprender a escutar a ansiedade é, no fundo, um caminho de reconexão com você mesmo(a). É deixar de viver em guerra com o corpo e começar a caminhar junto com ele, construindo segurança interna, confiança e clareza.
Tratar a ansiedade é isso: não eliminá-la, mas descobrir por que ela está ali — a serviço de que ela existe. Porque só ouvindo o que ela quer dizer é que podemos, de fato, começar a transformar sua presença.